quarta-feira, 6 de abril de 2011


Imaginem que nessa caminhada de quase 2 anos, agora é que ouvi falar em Currículo Funcional Natural, em São Paulo quando visitei a AMA, FADA e Colégio Paulicéia.
Obtive informações preciosas, agora nosso trabalho na Associação Casulo é abordar as escolas em que nossos filhos estudam para tentarmos chegar nessa metodologia...
Pois aí vai um texto interessante sobre o assunto

CURRÍCULO FUNCIONAL NATURAL
Imagine como Reagiria Se:
• As pessoas nunca falassem diretamente consigo mas conversassem sobre si na sua presença;
• As crianças se rissem de si na rua e que os adultos o olhassem e falassem sobre si em voz baixa e nas suas costas;
• As pessoas o levam de braço dado pela rua sem nunca lhe dizerem exatamente aonde vão;
• Não o deixassem ir sozinho a nenhum lugar;
• Os professores só lhe fizessem perguntas do gênero - “Que cor é esta?” ou “Mostra-me o teu nariz” – mesmo quando você já tem mais de 18 anos;
• As suas tentativas de fazer algo acabassem sempre por ser interrompidas por alguém que as faz por si;
• Está doente e ninguém se dá conta disso;
• Ouve constantemente as pessoas a discutirem entre si sobre o que você pode ou não pode fazer;
• Fosse/é um adulto mas que todos se referem a si como se fosse uma criança;
• As pessoas lhe dissessem constantemente o que fazer, sem nunca conversarem sobre isso;
• As pessoas só esperassem de si comportamentos inadequados;
• Não lhe fosse permitido tomar qualquer decisão pessoal;
“Se você fosse tratado assim, como é que reagiria?
Eu, provavelmente, reagiria de uma forma inadequada…”


As perguntas anteriores expressam algumas das limitações que a sociedade impõe a indivíduos com Perturbação do Espectro Autista, principalmente aqueles, que de uma forma recorrente, se manifestam através de comportamentos inaadequados.
Para tentar diminuir estes comportamentos disruptivos de crianças e jovens com PEA foi desenvolvido por Judith LeBlanc o Currículo Funcional Natural (CFN).
Este currículo tem por base uma filosofia centrada no aluno, que assenta na crença de que o potencial de aprendizagem é igual em todos. É constituída por alguns pontos-chave que promovem a auto-estima, a socialização e os afetos tendo sempre em vista a autonomia.
Tem como objetivos promover o desenvolvimento de competências funcionais e reduzir comportamentos inadequados do aluno.
Segundo a autora:
• Os objetivos educacionais devem ser escolhidos para o aluno enfatizando que aquilo que ele vai aprender terá utilidade para a sua vida atual, ou a médio/longo prazo, ou seja, os objetivos devem ser Funcionais.
• Tanto os procedimentos de ensino utilizados como o ambiente de ensino devem de ser o mais semelhante possível ao que pode acontecer nos contextos reais, sendo assim, Naturais.
• Enfatiza o uso dos Reforços Naturais para que desta forma, se verifique uma aprendizagem segundo a ordem natural das coisas ocorrerem no mundo e não de uma forma arbitrária e artificial.
Assim, para que o CFN possa ser implementado na escola é necessário que os professores se centrem nos pontos fortes da criança.

"Antes de se pensar o que se vai ensinar, é preciso pensar para quê se vai ensinar"


É uma forma de ensino baseada nas atividades. A seleção das atividades deve ter em conta:
• A idade do aluno, visto não ser adequado envolver jovens adolescentes em atividades pré-escolares, por exemplo;
• Devem ser variadas para que o aluno aprenda todas as diferentes formas de realizar comportamentos corretos e aceitáveis, pois caso o aluno aprender um comportamento sempre da mesma forma vai ter dificuldade em utilizá-lo em outros ambientes, não ocorrendo o uso da generalização.


“A estratégia é ensinar apesar dos comportamentos inaadequados. É olhar para além dos comportamentos dos alunos e ver as possibilidades que as mesmas tendem a encobrir.”


É assim fundamental que o professor e todos os outros técnicos estabeleçam um plano educativo individual de competências selecionadas para serem ensinadas num determinado período de tempo. Esta metodologia permite uma sistematização diária das competências a ensinar e facilita a planificação das atividades. Ao longo das aprendizagens cada aluno está sujeito a avaliações periódicas feitas a partir de registros quantitativos e qualitativos.
É também destacado o trabalho com as famílias visto ser com esta que o aluno passa a maior parte do seu tempo e também porque é a família quem o conhece melhor.
Conclusão:
Assim, Judith LeBlanc refere que: “ …poderíamos ignorar o comportamento, porém isso permitiria ao aluno perturbar os outros e a sala de aula, poderíamos pô-lo em isolamento, porém isto unicamente o afastaria do ambiente destinado ao ensino. A arrumação dos estímulos de instrução e os procedimentos de ensino procuram ganhar a atenção do aluno e redirigi-lo para atividades desejáveis. Deste modo o inadequado diminui, ou é eliminado totalmente.
Com certeza o melhor efeito colateral ao implementar tais procedimentos é que os alunos começam a desfrutar da aprendizagem e conseguem aprender.”


Referência Bibliográfica:
Apontamentos policopiados do curso "As Pessoas Com PEA um Crescimento Naturalmente
Global", em 13 Janeiro de 2008.